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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Esse tal de Unschooling

Há sete anos atrás, quando Rafael nasceu, eu nunca havia me preocupado com esse negócio de educação, metodologias de ensino, pedagogia ou com a situação educacional no Brasil.

Eu não fazia ideia do que seria esse tal de unschooling.

De lá para cá, venho mudando bastante a minha opinião sobre essas questões.
Pesquisei muito, li vários artigos e livros, ouvi relatos de outras mães.


Pouco a pouco fui me convencendo de que a escola não seria o lugar adequado para o tipo de educação que eu percebia que meu filho precisava.

Como a maioria das mães, encaminhei-o para a escola ao completar a idade mínima obrigatória, quatro anos.

Com essa idade ele já sabia ler, reconhecia todos os números e tinha algumas noções básicas de inglês.

Tudo isso foi aprendido de maneira natural, devido ao próprio interesse e curiosidade dele, sem exigir metodologias didáticas ou pedagógicas.

A única ferramenta que ele usava era um tablet.
Além disso, muitos livros infantis. Foi nesse período que eu descobri o projeto "Leia para uma criança"

Rafael gostava muito de aprender e não se cansava.
Nós apenas incentivávamos e estimulávamos.

Certo dia, a diretora e a orientadora pedagógica da escola me chamaram para conversar dizendo que duvidaram da autenticidade do conhecimento que ele demonstrava.

Então fizeram vários testes com ele para comprovar os conhecimentos, pois pensaram que fosse algo que ele decorou e devia ter alguma limitação. Achei isso muito engraçado!

Disseram que o objetivo pedagógico era que os alunos reconhecessem o próprio nome até o final do ano letivo, então ele já estava ótimo...

Isso me preocupou bastante porque imaginei que, para ele, poderia representar um freio ou uma ideia equivocada de que não precisava aprender mais do que o suficiente para ser aprovado!

Comecei a fazer parte do conselho da escola para acompanhar de perto o desenvolvimento dele.

Percebi que não existe escola laica, que poucos profissionais estão preparados para lidar com pessoas tão valiosas quanto as crianças, que o "sistema" engessa qualquer possibilidade de liberdade de aprender, é tendencioso e interfere mais do que deveria na formação da personalidade dessas crianças.

Isso significa que existe uma padronização na maneira de transmitir o conhecimento, determinar comportamentos, julgar preferências e escolhas que cabem à família e avaliar crianças de acordo com critérios preestabelecidos que não se adequam a todas.

Na mesma época começaram a surgir rumores sobre o homeschooling e depois de observar muito e conversar bastante com o pai dele, resolvemos que ao terminar aquele período não levaríamos mais o Rafael para a escola.

A partir daí, comecei uma busca incessante pelas tais metodologias de ensino!
Pensei que, como nosso filho não iria para a escola, eu deveria substituir os professores e fazer todo o trabalho pedagógico em casa.

Mas eu não tinha nenhuma formação acadêmica para isso e fiquei em pânico.

A essa altura eu já tinha Olívia com pouco mais de um ano e o trabalho com as crianças aumentou muito. Fiquei exausta!

Depois de mais dois anos preocupada e sobrecarregada com tantas funções eu atingi um pico nervoso e consciencial e percebi que nada disso fazia sentido.

Eu assumi mais um papel e vivia frustrada por não me sentir capaz de cumpri-lo,

Nesse momento eu encontrei a visão do unschooling, que me trouxe tudo aquilo que eu buscava para mim e principalmente, para as crianças. Foi libertador!

Comecei a ver as crianças como seres individuais, verdadeiramente livres, sem "donos" e fui percebendo a maneira perfeitamente natural como eles aprendem sem que ninguém os ensine nada.

Descobri que como mãe, a minha função é proteger, acolher, orientar, incentivar, dar limites e permitir.

Permitir que errem, se aborreçam e expressem seus sentimentos, que se arrisquem( ai meu Deus!),  sejam espontâneos, me questionem, me ensinem e me corrijam.

Senti que eu precisava pedir que me desculpassem por ter forçado a barra, negligenciado, omitido, exigido, desrespeitado.

Então, o método agora é o seguinte: liberdade de aprender.

Se querem aprender a cozinhar, vamos fazer um bolo, uma salada ou uma vitamina.
Se querem saber sobre animais e plantas: institutos de ciências ou vamos plantar.

O corpo humano ou artes: biblioteca.
O universo - documentários e vídeos no youtube, ou planetário e observatório.

Sobre o passado, vamos aos museus. 
Sobre Deus e quem somos nós: evangelização e filosofia.

E se querem só brincar, parques, casa dos amigos, dos primos, e SESC!!!

Descobri que se desconstruir para reconstruir não é fácil.
Apagar todo o preconceito, as crenças ultrapassadas, a falsa sensação de segurança, o medo, os velhos hábitos que se tornaram obsoletos, realmente inúteis e até prejudiciais demora um pouco.

Ainda estou tentando me acertar comigo mesma, mas já tirei bastante peso dessa bagagem que eu andei carregando.

Buscando um ponto de equilíbrio entre a mulher que eu fui e a mãe que eu quero ser.
É nesse meio que eu estou!!

Seguirei por esse caminho, ansiosa para andar por outros que ainda se apresentarão e pretendo aproveitar muito a viagem.


Para entender um pouco sobre o unschooling, recomendo a leitura do livro: "Livre para Aprender: Cinco Ideias para uma Vida Unschooling Feliz" - Pam Laricchia

É um livro digital, com apenas 106 páginas, muito objetivo e fácil de ler.
Relata as experiências de uma mãe que pratica o unschooling com os dois filhos.
Bastante instrutivo para todas as mães.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Documentários Para Mães e Pais

Quando eu resolvi refletir sobre as crianças...


Eu tive filhos pensando apenas em formar uma família e criar laços duradouros para alcançar a felicidade relativa nessa vida.

Mas, conforme eles foram crescendo, percebi que ser Mãe exigiria bem mais do que essa minha vontade.
Comecei a sentir um certo desconforto ao me dar conta do meu compromisso.

Descobri que tenho que prestar mais atenção ao que eu falo e faço, porque isso se torna automaticamente um exemplo. E precisei voltar a cultivar o hábito de estudar!

Agora, tudo o que eu leio, assisto e busco me remete ao meu trabalho como Mãe.
Eu passei a prestar atenção na nossa alimentação, na maneira como as crianças pensam, se desenvolvem, sentem e se comportam.

Passei a refletir sobre temas como o consumismo, educação ambiental, escolas e métodos de ensino, parto, saúde e  como a sociedade trata estes assuntos.

Cheguei à conclusão de que é preciso estar sempre atenta e ter certeza daquilo que, como Mãe, eu acredito que seja o melhor para os meus filhos, porque existem diversas opiniões.

Para ilustrar um pouco do que eu concluí, deixarei aqui algumas referências que são bastante significativas para quem está buscando por informação e qualidade de vida.


A Educação Proibida


O filme retrata a situação atual do modelo de ensino nas maioria das escolas no Brasil e em outros países, mostrando algumas curiosidades sobre a origem da escola e sua "evolução".

Além disso, foram realizadas dezenas de entrevistas com educadores, profissionais da área de educação e de outras áreas relacionadas. E também expõe a realidade da escola convencional e das escolas alternativas.


O Começo da Vida


Nesta série, que conta com 3 filmes até o momento, vemos diversas situações de crianças e como elas vivem. Depoimentos de pais e profissionais que convivem com elas e várias informações muito importantes a respeito do desenvolvimento infantil. Eu assisti na Netflix.


O Renascimento do Parto


Outra série da Netflix, desta vez tratando de um tema bastante polêmico: as contradições na hora de escolher o tipo de parto ideal.

Médicos, Pais e Mães, Doulas e outros profissionais entrevistados relatam os fatos desconhecidos pela maioria de nós e alguns são bastante chocantes. Vale a pena conhecer os bastidores da vida!


Muito Além do Peso


O documentário, produzido por Maria Farinha Filmes, trata de uma questão muito séria que é a obesidade infantil, alertando para os efeitos da propaganda direcionada a esse público e a maneira como a situação é vivenciada.

Com histórias reais e alarmantes, as conclusões  envolvem a indústria, a mídia, o governo e a sociedade em geral.


Criança, a Alma do Negócio


Dos mesmos produtores de Muito Além do Peso, este documentário chama atenção para os apelos midiáticos voltados  ao consumismo infantil.

 Levando a uma reflexão sobre qual a responsabilidade de cada participante na vida dessas crianças, diante desse problema.


Quando sinto que já sei


Mais um documentário, com foco na educação.

Este filme traz exemplos de iniciativas alternativas ao ensino convencional, mostrando que a educação precisa ser vista com outros olhos.

E mais do que isso, que os alunos são indivíduos que têm necessidades.
Suas potencialidades podem e devem ser desenvolvidas com naturalidade e liberdade.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Escolhendo minhas batalhas (e o Dia Internacional da Paz)

Abri meu coração em um grupo virtual de mães. Partilhei algumas dificuldades com a rotina que acabara de mudar com a chegada do caçula. Não lembro ao certo quais eram as queixas, mas dentre tantos conselhos e partilhas, não esqueço de uma frase em especial:
Escolha suas batalhas ou você logo gastará toda sua energia e paciência.
Sou muito grata por esse conselho.

Recentemente mudamos o lugar onde Zoé faz terapia. Essa mudança veio ao mesmo tempo em que a professora dela, da creche, precisou ficar afastada por 15 dias e as substitutas revezavam o cuidado da turma. Isso por sí só já bastou para tirá-la do eixo, deixá-la ansiosa e desencadear crises de terror noturno. Ela não tirava a soneca no meio do dia (nem na escola, nem em casa aos finais de semana) e, num efeito cascata, ficava irritada no final do dia, impossibilitando um retorno pra casa, um banho e um jantar tranquilos. Os dias estavam enlouquecedores! 

No dia em que seria a terapia dela houve uma sucessão de 'mau entendidos'. 
Fazia muito frio. Como de costume a retirei mais cedo da creche, ela estava ansiosa e animada pois haviam prometido que a terapia seria com outras crianças. Cheguei ao local de atendimento e nada do previsto iria acontecer. Nos marcaram no dia errado para o atendimento e, mesmo que fosse o dia certo, não seria uma terapia conjunta com outras crianças.

Abaixei na altura de Zoé, expliquei o que estava acontecendo e oferecí a alternativa de voltar pra casa, montar uma barraca e brincar comigo e com o irmão. Ela não quis, obviamente. 
Chorou. Gritou. Escondeu-se embaixo de um banco. Nada, absolutamente nada, a acalmava. Psicóloga e terapeuta ocupacional tentaram mediar a situação e a levaram para brincar um pouco. Isso não bastou. No caminho de volta para casa ela chorou porque viu um arco íris no céu. Chorou porque viu um grupo de meninas andando na calçada. Chorou por tudo, TUDO, T-U-D-O!

Eu, com um bebê pendurado, 'arrastando' uma criança aos berros, tentando fazer a cara mais neutra possível, só pensava em como prepararia o jantar em meio a este caos. Já no ônibus lembrei que tinha um pote de sopa no congelador (amém!). Animada, propus que fôssemos comprar pão para jantar sopa. Adivinha? Um grande não seguido de choro. 
Quando estávamos na rua de casa ela disse que queria jantar pão com manteiga.

(Aqui, minha gente, foi o momento exato onde escolhi se a noite seguiria caótica ou não).

Ela passou o dia na escola, fez pelo menos 4 refeições antes de eu ir buscá-la. Eu sabia o que tinha comido, era 'comida de verdade', nada de 'besteira'. 
Porque não deixar a menina jantar um pão com manteiga? Claro que deixei. 
O banho foi tranquilo, pois foi um pré requisito para que pudesse 'jantar'. Como ela queria muito esse bendito pão francês, não teve drama. 
Eu e Zion comemos sopa com pão. Zoé comeu só o pão. 

Lavou-se. Alimentou-se. Dormiu. Sem choro. Sem estresse.


Essa história não é sobre 'a criança ter vencido' ou sobre 'uma mãe permissiva'.
É sobre uma mãe, exausta, que tenta acolher, entender e se comunicar de forma não violenta com uma criança que está cansada, confusa, frustrada. 
É sobre fazer a paz. Não apenas um cessar fogo, mas tomar uma atitude concreta para que a paz seja real. 
É sobre oferecer condições para que a paz se fortaleça em nosso pequeno mundo (nosso lar) e reverbere em todo o Mundo, através desta nova geração que estamos criando.

Podemos, rapidamente, listar o que nos tira a paz. 
Agora, olha pra dentro de você e me responda: o que te traz/deixa em paz?

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Mães também gostam de: inclusão

Se você ainda não sentiu aquele aperto no peito ao notar que, por algum motivo, outras crianças rejeitam a companhia do teu filho, não se anime, pois este dia ainda vai chegar (e isso não é uma ameaça, apenas constatação). 
Aquele nó na garganta e a tentativa de remediar a situação chegará, como que de supetão, e você se perguntará: 'como é possível que não queiram estar perto dele ou dela?'

A realidade é que somos ensinados a rejeitar o diferente e nem precisa ir muito longe. Se é diferente no jeito de sorrir, de se alegrar, de falar, de andar, de pensar (e de votar, hehe) isso já basta para erguer a Muralha da China na tentativa de evitar qualquer tipo de relacionamento. 

Como se já não bastassem as restrições alimentares, que por um tempo nos impediram de visitar amigos, lugares, frequentar festas, a pouco mais de um ano descobrimos que Zoé está no espectro autista, e isso minha gente, mudou muito o meu olhar sobre a humanidade. Aquela conversa de ter mais empatia é 'real oficial'. 
O que mais quero é que minha filha seja acolhida, aceita e respeitada em suas particularidades. Para isso algumas mudanças de comportamentos precisam ser adotadas, por nós, por quem nos rodeia, pela sociedade. 

Tenho em casa 2 pequenos leitores vorazes. Desde muito cedo gostam de ler. Zoé, claro, tem predileção por livros de seu hiper foco (gatos, cachorros). A algum tempo atrás ganhou um livro de poesias infantis, em braile. 


Isso virou uma chave dentro de mim e me inquietei: o quanto eu tenho me esforçado para incluir os que são diferentes de mim? O quanto tenho ensinado meus filhos a respeitar e se adaptar para incluir quem é diferente deles?

Recentemente recebi uma mensagem sobre uma Oficina de Leitura Inclusiva, projeto mobilizado pela Fundação Dorina Nowill, que acontecerá durante a IV Festa Literária de Cidade Tiradentes (e está repleta de atividades incríveis. Sério!).

A oficina é gratuita e ainda oferece certificado aos participantes.

Quando? Dia 28 de setembro (sexta-feira) as 13h.
Onde? Biblioteca Maria Firmina dos Reis - Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes - Rua Inácio Monteiro, 6900 - São Paulo

Sua inscrição pode ser feita aqui.

Eu estarei lá. Vamos juntas?