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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Esse tal de Unschooling

Há sete anos atrás, quando Rafael nasceu, eu nunca havia me preocupado com esse negócio de educação, metodologias de ensino, pedagogia ou com a situação educacional no Brasil.

Eu não fazia ideia do que seria esse tal de unschooling.

De lá para cá, venho mudando bastante a minha opinião sobre essas questões.
Pesquisei muito, li vários artigos e livros, ouvi relatos de outras mães.


Pouco a pouco fui me convencendo de que a escola não seria o lugar adequado para o tipo de educação que eu percebia que meu filho precisava.

Como a maioria das mães, encaminhei-o para a escola ao completar a idade mínima obrigatória, quatro anos.

Com essa idade ele já sabia ler, reconhecia todos os números e tinha algumas noções básicas de inglês.

Tudo isso foi aprendido de maneira natural, devido ao próprio interesse e curiosidade dele, sem exigir metodologias didáticas ou pedagógicas.

A única ferramenta que ele usava era um tablet.
Além disso, muitos livros infantis. Foi nesse período que eu descobri o projeto "Leia para uma criança"

Rafael gostava muito de aprender e não se cansava.
Nós apenas incentivávamos e estimulávamos.

Certo dia, a diretora e a orientadora pedagógica da escola me chamaram para conversar dizendo que duvidaram da autenticidade do conhecimento que ele demonstrava.

Então fizeram vários testes com ele para comprovar os conhecimentos, pois pensaram que fosse algo que ele decorou e devia ter alguma limitação. Achei isso muito engraçado!

Disseram que o objetivo pedagógico era que os alunos reconhecessem o próprio nome até o final do ano letivo, então ele já estava ótimo...

Isso me preocupou bastante porque imaginei que, para ele, poderia representar um freio ou uma ideia equivocada de que não precisava aprender mais do que o suficiente para ser aprovado!

Comecei a fazer parte do conselho da escola para acompanhar de perto o desenvolvimento dele.

Percebi que não existe escola laica, que poucos profissionais estão preparados para lidar com pessoas tão valiosas quanto as crianças, que o "sistema" engessa qualquer possibilidade de liberdade de aprender, é tendencioso e interfere mais do que deveria na formação da personalidade dessas crianças.

Isso significa que existe uma padronização na maneira de transmitir o conhecimento, determinar comportamentos, julgar preferências e escolhas que cabem à família e avaliar crianças de acordo com critérios preestabelecidos que não se adequam a todas.

Na mesma época começaram a surgir rumores sobre o homeschooling e depois de observar muito e conversar bastante com o pai dele, resolvemos que ao terminar aquele período não levaríamos mais o Rafael para a escola.

A partir daí, comecei uma busca incessante pelas tais metodologias de ensino!
Pensei que, como nosso filho não iria para a escola, eu deveria substituir os professores e fazer todo o trabalho pedagógico em casa.

Mas eu não tinha nenhuma formação acadêmica para isso e fiquei em pânico.

A essa altura eu já tinha Olívia com pouco mais de um ano e o trabalho com as crianças aumentou muito. Fiquei exausta!

Depois de mais dois anos preocupada e sobrecarregada com tantas funções eu atingi um pico nervoso e consciencial e percebi que nada disso fazia sentido.

Eu assumi mais um papel e vivia frustrada por não me sentir capaz de cumpri-lo,

Nesse momento eu encontrei a visão do unschooling, que me trouxe tudo aquilo que eu buscava para mim e principalmente, para as crianças. Foi libertador!

Comecei a ver as crianças como seres individuais, verdadeiramente livres, sem "donos" e fui percebendo a maneira perfeitamente natural como eles aprendem sem que ninguém os ensine nada.

Descobri que como mãe, a minha função é proteger, acolher, orientar, incentivar, dar limites e permitir.

Permitir que errem, se aborreçam e expressem seus sentimentos, que se arrisquem( ai meu Deus!),  sejam espontâneos, me questionem, me ensinem e me corrijam.

Senti que eu precisava pedir que me desculpassem por ter forçado a barra, negligenciado, omitido, exigido, desrespeitado.

Então, o método agora é o seguinte: liberdade de aprender.

Se querem aprender a cozinhar, vamos fazer um bolo, uma salada ou uma vitamina.
Se querem saber sobre animais e plantas: institutos de ciências ou vamos plantar.

O corpo humano ou artes: biblioteca.
O universo - documentários e vídeos no youtube, ou planetário e observatório.

Sobre o passado, vamos aos museus. 
Sobre Deus e quem somos nós: evangelização e filosofia.

E se querem só brincar, parques, casa dos amigos, dos primos, e SESC!!!

Descobri que se desconstruir para reconstruir não é fácil.
Apagar todo o preconceito, as crenças ultrapassadas, a falsa sensação de segurança, o medo, os velhos hábitos que se tornaram obsoletos, realmente inúteis e até prejudiciais demora um pouco.

Ainda estou tentando me acertar comigo mesma, mas já tirei bastante peso dessa bagagem que eu andei carregando.

Buscando um ponto de equilíbrio entre a mulher que eu fui e a mãe que eu quero ser.
É nesse meio que eu estou!!

Seguirei por esse caminho, ansiosa para andar por outros que ainda se apresentarão e pretendo aproveitar muito a viagem.


Para entender um pouco sobre o unschooling, recomendo a leitura do livro: "Livre para Aprender: Cinco Ideias para uma Vida Unschooling Feliz" - Pam Laricchia

É um livro digital, com apenas 106 páginas, muito objetivo e fácil de ler.
Relata as experiências de uma mãe que pratica o unschooling com os dois filhos.
Bastante instrutivo para todas as mães.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Receita de Refrigerante Natural

Aqui em casa nós procuramos seguir uma alimentação bem próxima da natural, embora ainda sejamos consumidores de carne.

Por isso, evitamos os industrializados e o refrigerante só entra na nossa geladeira quando temos visita. Afinal, temos amigos e parentes de quem gostamos que tem o hábito desse consumo e não queremos impôr nada a ninguém

Porém, devido à insistência da Olívia no assunto, pois ela é uma criança muito atenta e curiosa e observou esse costume em várias ocasiões, decidimos conversar sobre o assunto - o pai e eu - encontrando uma sugestão muito encantadora: refrigerante natural!

Essa peculiaridade foi encontrada pelo pai dela e imediatamente me conquistou.

Sem prolongar mais, vamos à receita.

INGREDIENTES
Casca de 2 laranjas médias
3 cenouras medias
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de suco de limão (puro, sem adição de água)
2 litros de água sem gás

MODO DE PREPARO
Coloque a casca de laranja o suco de limão e as cenouras no liquidificador.
Bata até ficar homogêneo.
Adicione 1 litro de água.
Coe bem e adicione o açúcar e o restante da água.
Deixe na geladeira por 3 horas (para criar gás) e sirva bem gelado!

Fonte: Tudo Gostoso (https://www.tudogostoso.com.br/receita/143097-refrigerante-natural-de-laranja.html).

Procurando sugestões por similares, encontramos este vídeo cuja receita é quase igual:



sábado, 20 de outubro de 2018

O peso do descanso

Recentemente ouví alguém que admiro muito falar sobre descanso.
Descanso, sabe? Aquilo que quem tem filhos (quase) nunca faz? Ou que quando faz se sente culpada?

Eu me sinto culpada quando sento pra ler, colocar as pernas pra cima. 
É um gatilho para minha ansiedade. Fico pensando nas milhares de coisas que eu poderia (deveria!) fazer enquanto estou alí, 'sem fazer nada'.
'Para descansar precisamos no livrar de culpas, medos, preconceitos.
Culpas porque vivemos em uma sociedade produtiva. Então, quem descansa se sente razoavelmente culpado por não estar produzindo.
Medo porque numa sociedade produtiva acreditamos que está tudo em nossas mãos. Então, se eu descansar talvez eu não tenha amanhã o que preciso ter.
Preconceitos porque numa sociedade produtiva sempre julgamos as pessoas que não estão produzindo.'
Esse descanso necessário (vital), vai muito além da quantidade de horas dormidas por noite (se você não tem um bebê que acorda para mamar a madrugada toda), vai além da quantidade de férias e viagens que realiza durante o ano (férias? nem sei o que é!).

Alexandre Robles fala sobre uma mudança no estilo de vida e fala também sobre espiritualidade.
Para além disso, ele trouxe tranquilidade ao meu coração ansioso de mãe que luta diariamente para não ser quem que acho que querem que eu seja, quando fala sobre descansos sazonais/temporais para revigorar as forças e seguir:
'Muitas vezes tudo o que precisamos é descansar um pouco do trabalho. Descansar um pouco da turbulência dos relacionamentos. Descansar dos afazeres rotineiros domésticos. Descansar um pouco da relação com os filhos.
Nós vamos cansando, cansando e a vida pesa tanto que corremos o risco de confundir cansaço com morte das realidades. Muitas pessoas desistem do casamento porque estão cansados, não porque o casamento é inviável. Talvez se tivéssemos descansado, se tivéssemos dado um alívio, buscado ajuda, se afastado um pouco e acalmado o coração, encontraria energia para seguir em frente. Mas quem não descansa tende a entrar em falência e é por isso que muitas vezes deixamos de viver, deixamos de ter uma causa, um relacionamento porque tudo isso cansa. Viver cansa. [...] Eu preciso viver experiências de descanso. '
Tudo bem cansar dos filhos, do marido. Sério! Eu canso, não deixo de amá-los por isso, tão pouco deixo de ser amada por eles.
O descanso é importante porque VOCÊ MERECE DESCANSAR, não apenas porque precisa estar descansada para atender as demandas de outras pessoas.

Tem dias que o descanso sem culpa flui. Tem dias que pesa e vem carregado de ansiedade.  
Há dias que sentar e observar as crianças brincando é um descanso, em outros preciso sair de casa e encontrar com amigas pra rir um pouco (mesmo que seja acompanhada pelas crianças).
Tem dias que deitar ao lado do Alexandre e assistir um filme é o meu descanso. Outros dias deito no sofá, sozinha, para usar as redes sociais em silêncio, mesmo que ele esteja em casa. 
Existem diversas formas de descansar. O importante é exercitá-las. 


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Você pode assistir aqui ao vídeo Descansar - Um Exercício Espiritual de Alexandre Robles.

domingo, 14 de outubro de 2018

Enigmas da Vida

Diversos questionamentos rondam minha mente.
Desde 'o que fazer para o almoço?' até 'será que minha missão nessa vida é ser mãe?'
Bem assim mesmo. Na minha cabeça todas as questões corriqueiras estão 'no mesmo balaio' que dúvidas existenciais. E quando trata-se de maternidade, dúvida é o que temos de sobra. 

Não preciso fazer uma lista dos questionamentos, eles estão aí na sua cabeça também, eu sei que você carrega consigo um bocado de perguntas sem respostas.

Contei pro Alexandre que estou passando (novamente) por um período de (depressão e ansiedade) dúvidas, questionamentos e que talvez eu esteja fazendo as 'perguntas erradas'. Ele sorriu de forma acolhedora e me mandou procurar 'A Esfinge' de Laerte







Muitas vezes quando finalmente a pergunta certa é feita, já não importa a resposta...

O que te consome?

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Tudo passa...

Folhas de eucalipto, pinha e amoras
Zoé está interessada por Botânica.
Caminha pelas ruas com os olhos bem atentos, observando as árvores, perguntando o nome de cada uma, reconhece algumas espécies e as vezes conversa com elas:

- Bom dia, Dona Árvore!

- Oi, Dona Árvore, que folhas bonitas você tem. Logo vai chegar o Inverno e você vai ficar pelada! (gargalhadas).

- Olha que Coqueiro Maluquinho!

- A primavera chegou, acorda Dona Flor!

Recentemente, ao pegá-la na escola, ela veio recolhendo diversas folhas, flores e frutas. Acabou que o trajeto de volta para casa levou 1 hora. 
Foi divertido. Foi sensível e enriquecedor. 
Foi uma viagem no tempo...

A exatamente 1 ano atrás, o trajeto da escola pra casa também levava 1 hora. 
Não era porque brincávamos e contemplávamos a natureza. 
Era porque Zoé começou a apresentar episódios de ansiedade e regressão de marcos de desenvolvimento. Ela ainda não falava e as tentativas de nos comunicar eram caóticas. 
Por vezes ela travava, não andava mais. Na época eu já estava com um barrigão gigantesco e não conseguia carregá-la no colo. Sem entender o conflito que ela enfrentava, sem saber como ajudar, sentava na calçada e esperava. Esperava ela se acalmar. Esperava conseguir entender o que se passava.
Foram dias extremamente difíceis. Dias que eu chegava em casa e me trancava no banheiro para chorar. Tempos de caos que pareciam não ter fim. Foram dias em que identificamos diversas características do TEA nela e procuramos ajuda profissional. Dias que passaram, e se alguém me dissesse que passariam eu não acreditaria.
Os dias passaram as custas de terapias, estudo, adaptação, adequação de rotina, companheirismo, choro. Mas passaram.

Veja bem a esperança que carrego comigo. Meus olhos e ouvidos presenciam o milagre da perseverança. Hoje essa 1 hora de percurso foi tranquila, ouvindo a voz de uma menina que a 1 ano atrás não falava.

Engrosso o caldo dos que resistem diante dos dilemas políticos e das incertezas que nos rondam. Resistimos diante do facismo e da opressão. Eles passarão. (Eu passarinho...)

Sobre Zoé, os dias de passeios e conversas amenas com árvores também passarão. Mas ainda não...

terça-feira, 2 de outubro de 2018

As mulheres que tentei ser

Já tentei ser a mulher que tem a casa impecavelmente limpa. 
Aquela que já levanta organizando, limpando chão, com pia sempre desocupada, refeições planejadas sempre nutritivas e frescas, roupas lavadas e passadas, casa com aquele cheiro de limpeza, crianças arrumadas. Até conseguí, por um tempo. Mas eu sempre estava descabelada, com sobrancelha por fazer, unhas em péssimo estado, dores nas costas e joelhos, ansiosa sempre pensando no que eu poderia fazer para que a casa se mantivesse perfeita. 

Já tentei ser a mulher que está sempre arrumada, cheirosa e disposta a me relacionar com meu marido com uma frequência maior, dessas que programam (mentalmente) dias especiais de namoro durante a semana. Mas o tempo investido na limpeza da casa me deixava exausta, mau humorada e quando 'o dia agendado para o namoro' chegava eu fazia a egípcia e fingia que não era comigo.

Já tentei ser a mãe que tem uma paciência infinita com os filhos, que nunca levanta a voz, que não critica e que brinca com as crianças sempre. Mas tem dias que a paciência está no limite, a cabeça dói, as crianças adoecem, eu adoeço, tudo desanda e acabo chamando minha filha de chata ou sendo chamada de chata por ela.

Já tentei ser a esposa que nunca reclama, que escuta, que não se aborrece com nada, que não pede nada. Mas esse peso de querer ser perfeita e objeto de devoção me sufoca e me afasta cada vez mais do meu marido, que também tem direito de reclamar, que as vezes não quer ouvir ou falar, que se aborrece e que me pede massagem.

Já tentei ser a amiga/filha/irmã que está sempre disponível para tudo e todos. Dessas que, não importa a hora ou o momento, corre para ajudar de todas as formas possíveis. Só que essa versão de mim acabava por negligenciar os filhos, o marido, a mim mesma. 

Tentei ser uma mulher (aparentemente) independente, forte, empreendedora, de 'sucesso'. Só que não sou boa administradora, sou péssima com finanças e sou extremamente dependente. Emocionalmente dependo muito de aprovação e aceitação dos que me rodeiam. 

Já tentei ser uma mulher fitness. Que faz exercícios (em casa ou fora de casa), que corta o açúcar da alimentação, que bebe muita água. Mas tem dias que a correria com a casa é tanta que esqueço de beber água (e de fazer xixi). Também tem aqueles dias em que a ansiedade bate e tudo que quero é uma 'bomba de açúcar'.

Já tentei ser a filha/mãe/esposa/amiga/profissional/mulher que EU ACHAVA que os outros esperavam que eu fosse. 
Já tentei ser 'a mulher virtuosa' que a Bíblia fala.
Já tentei ser a Mulher Maravilha.

A única coisa que não tentei foi ser eu mesma. Pelo menos até pouco tempo. 

Cheguei aos 30 acolhendo minhas limitações, meus defeitos e qualidades.
Antes de acolher, precisei enxergar, reconhecer, admitir. Colocar em prática um olhar empático e uma comunicação não violenta comigo. Entender que não sou uma característica isolada. 
Tenho problemas com a ira. Mas a ira não é quem eu sou. Também sou extremamente carinhosa e uma coisa não anula a outra. 
Agora tento o equilíbrio e isso dói.

Planejei o serviço doméstico dividindo as tarefas no decorrer da semana para não sobrecarregar. Organizo e congelo alimentos para facilitar o preparo das refeições. De ontem pra hoje a louça 'dormiu' na pia, para ser lavada. Tem dias que jantamos pão/pizza e tudo bem. As vezes as crianças estão descabeladas porque viver e brincar descabela mesmo. Tem dias que os narizes estão escorrendo e é vida que segue.

Nunca fui um modelo de vaidade. Mas hoje não deito na cama sem antes tomar um banho e passar o meu hidratante preferido, para mim. Não planejo o sexo. Busco com mais frequência um toque, um abraço, um beijo e um cafuné.

Os dias não tão fáceis com as crianças não são eternos, tem um fim. E enquanto não terminam eu lhes digo como me sinto e acolho o sentimento deles. Estou alí com eles, entrego meu tempo e minha atenção.

Entendo e valorizo a importância da solitude no casamento. Discordamos e (agora) raramente ficamos sem nos falar. Ofereço e recebo massagem para aliviar as dores do corpo e da alma.

Ainda estou aqui para quem precisar, mas dentro de limites, respeitando o tempo e agenda, minha e da minha família. 

Admito que, por hora, meu maior empreendimento é minha família, em parceria com meu marido. Não é fácil, mas é no que invisto conhecimento, energia, disposição.

Estou tentando ser quem sou e não quem eu acho que os outros esperam que eu seja.

Liberte-se de quem tenta ser. Descubra quem você é.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Escolhendo minhas batalhas (e o Dia Internacional da Paz)

Abri meu coração em um grupo virtual de mães. Partilhei algumas dificuldades com a rotina que acabara de mudar com a chegada do caçula. Não lembro ao certo quais eram as queixas, mas dentre tantos conselhos e partilhas, não esqueço de uma frase em especial:
Escolha suas batalhas ou você logo gastará toda sua energia e paciência.
Sou muito grata por esse conselho.

Recentemente mudamos o lugar onde Zoé faz terapia. Essa mudança veio ao mesmo tempo em que a professora dela, da creche, precisou ficar afastada por 15 dias e as substitutas revezavam o cuidado da turma. Isso por sí só já bastou para tirá-la do eixo, deixá-la ansiosa e desencadear crises de terror noturno. Ela não tirava a soneca no meio do dia (nem na escola, nem em casa aos finais de semana) e, num efeito cascata, ficava irritada no final do dia, impossibilitando um retorno pra casa, um banho e um jantar tranquilos. Os dias estavam enlouquecedores! 

No dia em que seria a terapia dela houve uma sucessão de 'mau entendidos'. 
Fazia muito frio. Como de costume a retirei mais cedo da creche, ela estava ansiosa e animada pois haviam prometido que a terapia seria com outras crianças. Cheguei ao local de atendimento e nada do previsto iria acontecer. Nos marcaram no dia errado para o atendimento e, mesmo que fosse o dia certo, não seria uma terapia conjunta com outras crianças.

Abaixei na altura de Zoé, expliquei o que estava acontecendo e oferecí a alternativa de voltar pra casa, montar uma barraca e brincar comigo e com o irmão. Ela não quis, obviamente. 
Chorou. Gritou. Escondeu-se embaixo de um banco. Nada, absolutamente nada, a acalmava. Psicóloga e terapeuta ocupacional tentaram mediar a situação e a levaram para brincar um pouco. Isso não bastou. No caminho de volta para casa ela chorou porque viu um arco íris no céu. Chorou porque viu um grupo de meninas andando na calçada. Chorou por tudo, TUDO, T-U-D-O!

Eu, com um bebê pendurado, 'arrastando' uma criança aos berros, tentando fazer a cara mais neutra possível, só pensava em como prepararia o jantar em meio a este caos. Já no ônibus lembrei que tinha um pote de sopa no congelador (amém!). Animada, propus que fôssemos comprar pão para jantar sopa. Adivinha? Um grande não seguido de choro. 
Quando estávamos na rua de casa ela disse que queria jantar pão com manteiga.

(Aqui, minha gente, foi o momento exato onde escolhi se a noite seguiria caótica ou não).

Ela passou o dia na escola, fez pelo menos 4 refeições antes de eu ir buscá-la. Eu sabia o que tinha comido, era 'comida de verdade', nada de 'besteira'. 
Porque não deixar a menina jantar um pão com manteiga? Claro que deixei. 
O banho foi tranquilo, pois foi um pré requisito para que pudesse 'jantar'. Como ela queria muito esse bendito pão francês, não teve drama. 
Eu e Zion comemos sopa com pão. Zoé comeu só o pão. 

Lavou-se. Alimentou-se. Dormiu. Sem choro. Sem estresse.


Essa história não é sobre 'a criança ter vencido' ou sobre 'uma mãe permissiva'.
É sobre uma mãe, exausta, que tenta acolher, entender e se comunicar de forma não violenta com uma criança que está cansada, confusa, frustrada. 
É sobre fazer a paz. Não apenas um cessar fogo, mas tomar uma atitude concreta para que a paz seja real. 
É sobre oferecer condições para que a paz se fortaleça em nosso pequeno mundo (nosso lar) e reverbere em todo o Mundo, através desta nova geração que estamos criando.

Podemos, rapidamente, listar o que nos tira a paz. 
Agora, olha pra dentro de você e me responda: o que te traz/deixa em paz?

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O dia em que minha filha me chamou de chata

Arquivo pessoal de 03/02/2015, quando eu sequer pensava que isso aconteceria

É claro que esse dia chegaria, eu só não imaginava que seria tão (TÃO) cedo.
Do auge de seus 3 anos e 10 meses, Zoé me chamou de chata.

Era uma segunda feira fria. Não tinha aula na creche. 
Uma segunda precedida por um fim de semana de muita brincadeira, passeio e diversão. 
Uma segunda em que eu estava cansada e sem energia.

Logo durante o café da manhã, enquanto Zoé falava animada, fazendo brincadeiras ao invés de comer, eu já anunciei que não estava bem e precisaria que fossem pacientes.
O dia estava indo bem, Alexandre trabalhando em casa (com portas fechadas), crianças brincando na sala e eu organizando a casa. Depois da soneca da tarde levamos os dois para a UBS, precisavam ser vacinados. 
Voltamos e eu comecei a preparar o jantar. Só que a menina queria muito que eu brincasse junto. 
Pedí que esperasse mais um pouco. Ela insistia. Eu pedia paciência. Ela insistia. Pedí que colaborasse comigo e me esperasse na sala porque o falatório estava me irritando. Ela insistia. Fiquei brava e falei, de forma rude, que ela deveria me obedecer. Ela ficou brava e disse que eu tinha que obedecê-la (quando ela está nervosa tem episódios de ecolalia) e por fim, gritou a plenos pulmões um C-H-A-T-A. Olhei pra ela sem saber como lidar com aquilo. 
Ela, claro, saiu pela tangente e foi pro quarto. O pai, ouviu tudo, e foi conversar com ela (que não queria papo). 
Lá foi ela atrás de mim, puxando um assunto qualquer. 
- Filha, eu estou triste agora e não quero conversar. Preciso ficar sozinha.
- Eu vou ficar sozinha! - e volta brava para o quarto.

Tempos depois, no colo do pai:
- Mamãe, desculpa. Zoé é mal criada.
- Eu te desculpo. Você não é mal criada. Depois conversamos.

Tomou um banho com o pai. Jantamos e a chamei pro sofá:

- Zoé, você estava brava porque eu não fui brincar contigo e por isso me chamou de chata?
- Sim.
- Entendo. Você se sentiu mal e queria que eu também me sentisse mal? 
- Sim.
- Filha, o nome disso é vingança. As vezes nós sentimos coisas tão ruins que queremos que as outras pessoas também sintam, mas isso não resolve o problema. Só piora. Eu entendo que você queria brincar comigo.
Sabe, Jesus uma vez disse que 'a nossa boca fala aquilo que o coração está cheio'. Se deixarmos nosso coração cheio de sentimentos ruins só vamos falar coisas ruins. Quando você estiver brava peça para a pessoa te deixar um tempo sozinha até se acalmar.
- Mamãe, Jesus falou que a boca fala o que o coração está cheio. Meu coração está cheio de amor, eu amo você.
- Eu também te amo, filha. Meu coração está cheio de alegria por te ter como filha.
Beijos e abraços. 

Sei que ela apenas reproduziu o que ouviu de alguém. 
Eu poderia acabar a história aqui com uma linda reflexão sobre ter cuidado com o rótulos (chato, chorão, fofoqueiro, comilão, mentiroso) que impomos sobre as pessoas, e principalmente nossos filhos. Sobre cuidar daquilo que levamos dentro do nosso coração e tudo o mais. Seguir a vida acreditando que eu lidei muito bem com esse conflito e tal. Mas... 3 dias depois ela pisou no castelo de pedras que um amigo fez. E eu?
- Nossa, filha, que chata você é!

😐

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Filmes para Mulheres e Mães

Filmes e Séries Divertidos


Nas madrugadas de insônia e buscando um pouco de inspiração, andei fuçando na TV e encontrei algumas coisas bastante divertidas para descontrair um pouco. Filmes e séries que mostram exatamente o que as mães passam.
Prepare a pipoca!

Turma do Peito

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Netflix
Nesta série uma mãe com um bebê recém nascido busca apoio em um grupo de mães que compartilham as experiências.

A mulher está visivelmente cansada, ou melhor, esgotada pela dedicação aos cuidados com a filha e ainda precisa dar conta de cuidar da casa, supermercado, marido, sogra, mãe... Nossa, coitada!

Me identifiquei e me diverti bastante, assisti tudo(são sete episódios com cerca de 30 minutos cada) em dois dias. O final é hilário!


Good Girls

Netflix

Outra série que não deixa você desgrudar os olhos da tela.

Três amigas e mães que estão passando por dificuldades financeiras resolvem assaltar um mercado e descobrem que se envolveram no mundo do crime, mais do que imaginavam.

Depois disso, acabam se acostumando com a ideia e a partir daí a coisa vai se complicando e descomplicando e assim passam-se dez episódios de aproximadamente 40 minutos cada.

Os conflitos internos vão tomando outras formas na lógica de se desculpar pelo que antes parecia tão errado!


Perfeita é a Mãe!

Netflix

Este filme eu assisti no youtube e também tem várias situações engraçadas sobre a maternidade.

Essas mães estão mesmo é de saco cheio de alguns conceitos impostos à elas e resolvem mostrar que não é bem assim que funciona!

Também nos faz refletir um pouco sobre o quanto nos cobramos e se isso é mesmo necessário para educar filhos felizes.

Ele tem a sequência, que chega a ser ainda mais divertida, tanto que eu tive que parar várias vezes para me recompor das gargalhadas!

Eu Não Sou um Homem Fácil

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Netflix

Outro filme da Netflix que faz uma crítica bem humorada.

Este não é exatamente sobre a maternidade, mas levanta a questão do machismo e a forma como a sociedade em geral trata a mulher.

O protagonista de repente acorda num mundo invertido, dominado pelo matriarcado e as mulheres comandam o comportamento social.

Com situações engraçadas o filme vai retratando aquilo que nos acostumamos a ver como algo normal, transformando tudo na inversão dos conceitos e na troca de papéis.